Resenha As Brumas de Avalon, Marion Zimmer Bradley

Esta noite, eu daria todas as grandes armas que já foram forjadas, e todas as canções sobre Aquiles e Alexandre, em troca de uma maçã de Avalon!

Sobre o livro

As Brumas de Avalon de Marion Zimmer Bradley, reconta a lenda do Rei Artur pela perspectiva feminina.

O primeiro livro da saga é “A Senhora da Magia”, tendo como personagens principais Viviane, senhora do lago, e Igraine, irmã de Viviane. Igraine é dada em casamento para Gorlois o Duque da Cornualha e com ele tem uma filha, Morgana.

Nesta época a Grã-Bretanha está sendo invadida pelos saxões e o Rei Ambrósio está velho e doente, ele não possui herdeiros e por esse motivo a Grã-Bretanha está vivendo uma crise política.

Para proteger os povos pequenos da influência cristã, Viviane trama a coroação de Uther Pendragon e posteriormente seu casamento com Igraine, afim de que o próximo Rei seja da linhagem real de Avalon, Artur.

Morgana é criada em Avalon e se torna sacerdotisa. Artur é coroado nas fogueiras de beltane, onde tem um filho incestuoso com Morgana e recebe Excalibur junto com a bainha coberta por magia.

Nos livros seguintes, a autora conta a influência cristã de Guinevere sobre Artur, que o leva a trair Avalon ao abandonar a bandeira do Pendragon, seu romance adúltero com Lancelot, as conquistas dos cavaleiros da távola redonda e as tentativas de Avalon para permanecer neste mundo e não se perder nas brumas.

Minhas Impressões

Me apaixonei por esse livro assim que li as primeiras linhas, eu sempre gostei da lenda do Rei Artur e conhecê-la por uma perspectiva feminina foi maravilhoso.

O livro se inicia com uma narrativa da Morgana sobre todos os acontecimentos e a oposição entre duas religiões que fizeram parte da história.

Nunca fui uma pessoa completamente cristã, apesar de crescer em uma família cristã e em uma sociedade cristã (não acredito que seja laica, pois até mesmo uma pessoa que se diz não cristã tem uma visão completamente cristã do mundo), me deparei com uma visão pagã dos fatos, e me choquei com a minha “visão cristã” dos fatos e do mundo que me cerca.

As personagens femininas são peça chave no decorrer da trama e suas contradições históricas e religiosas.

Essas contradições são vistas na forma como as sacerdotisas de Avalon e seu povo são educados, com liberdade de corpo e pensamento, enquanto que as mulheres e homens cristãos o são de forma opressiva e depreciativa.

Um exemplo disso é a Guinevere, que mesmo sendo cristã fervorosa, comete adultério e se culpa por ser uma mulher, aquela que leva o mal para a humanidade.

Por outro lado, Morgana, se diz dona do seu corpo e com este faz o que bem lhe entende, e que saciar seus desejos, nada mais é do que honrar a Deusa, recebendo o prazer que esta oferece ao mundo.

As religiões sempre foram colocadas em oposição na narrativa e por sua vez o cristianismo saiu em desvantagem. Isso claro, causou o aborrecimento de alguns movimentos religiosos, o que reforça a argumentação da autora, a tal imposição cristã.

O mais engraçado disso é que a religião pagã não foi extinta do mundo como os padres queriam, mas incorporada:

“Morgana olhou a imagem de Brígida, e podia sentir o poder vindo em grandes ondas que permeavam a capela. E inclinou a cabeça.Mas Brígida não é uma santa cristã, pensou, ainda que Patrício assim o pense. Esta é a Deusa como é adorada na Irlanda… A Deusa jamais se retirará do meio da humanidade.”

Se você gosta da lenda do Rei Artur irá amar As Brumas de Avalon!

★ NOTA: 10/10