O senhor das moscas, William Golding
"Ralph chorava o fim da inocência, as trevas do coração humano, e a queda no abismo do amigo sincero e ajuizado chamado Porquinho."
Sobre o livro
Durante a Segunda Guerra Mundial, um avião cai numa ilha deserta, e seus únicos sobreviventes são um grupo de meninos em idade escolar. Eles descobrem os encantos desse refúgio tropical e, liderados por Ralph, procuram se organizar enquanto esperam um possível resgate. Mas aos poucos — e por seus próprios desígnios — esses garotos aparentemente inocentes transformam a ilha numa visceral disputa pelo poder, e sua selvageria rasga a fina superfície da civilidade, que mantinham como uma lembrança remota da vida em sociedade.
Minhas impressões
Terminei a leitura de O senhor das moscas num misto de indignação e impotência. Esses dois sentimentos também me atingiram quando li Sob a redoma do Stephen King, mas dessa vez com uma intensidade muito mais esmagadora. Isso porque se tratando de Sob a redoma temos seres humanos já formados e associamos a maldade apenas ao ambiente hostil e não propriamente à natureza humana, não que ela não tenha parte nisso, mas não desponta como protagonista.
Na obra de William Golding nos é esfregada na cara, sem cerimônia, a raiz de todo o mal, e essa raiz existe no coração humano desde a mais tenra idade. Ela está lá, pronta para emergir na primeira oportunidade, corrompendo uma aparente inocência.
Se formos analisar a ética aristotélica, vemos que a moral é ensinada. Como diz Karnal em sua palestra "Civilização e Barbárie", somos condicionados a agir com civilidade, não nascemos com ela. Daí o brilhantismo da obra de William Golding ao mostrar a natureza da maldade humana em crianças, pois é sem os filtros éticos e morais que ela aparece em sua totalidade: Nua, crua, fria, cruel.
No decorrer da narrativa, o autor mostra a decadência humana de forma simples e precisa. Foi perturbador observar o declínio da civilidade e o florescimento da barbárie.
O senhor das moscas é uma obra que precisa ser lida com uma concentração extrema para que seja apreciada nos mínimos detalhes. Ela é cheia de simbologia, como a concha, que representa a constituição e a democracia. Sem a concha a civilidade fraca estará perdida e dará espaço para a selvageria. Por isso a preocupação do Porquinho em preservá-la.
Vi muitos associarem essa obra ao drama ou ao terror, por conta dos sentimentos que ela produz no leitor. Porém eu a considerado bem mais próxima da distopia.
Quanto a edição, achei satisfatória. Sem erros de revisão, com acabamento e diagramação dentro dos padrões para uma boa leitura.
No geral indico a obra para quem gosta de mergulhar em uma narrativa que explore a natureza humana.
Titulo: O senhor das moscas | Autor: William Golding | Editora: Alfaguara | Páginas: 224 | Gênero: distopia | Edição: 9,0 | Narrativa: 9,0 | Desenvolvimento: 10,0 | Trama: 10,0
★ NOTA: 9,5
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